APRENDENDO COM O SILÊNCIO COM SÃO JOSÉ

Celebraremos com toda a Igreja no próximo dia 19 o glorioso São José que, por feliz coincidência, é o nosso padroeiro.
São José é o pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o esposo da BemAventurada Virgem Maria e o patrono da Igreja Universal, entre outrostítulos que o definem e mostram sua fundamental participação na Históriada Salvação.

Se reconhecemos que foi graças ao “sim” de Maria que nos veio o Salvador, temos que reconhecer também que foi graças ao “sim” de Joséque o Mistério da Encarnação pôde se concretizar.

No ano de 2011, atrevi-me a compor um hino em louvor ao nosso padroeiro e numa das estrofes escrevi:

“No silêncio confiante, / vencendo o temor/

de Deus José tornou-se/ fiel cooperador”.

É justamente o “silêncio confiante” de José que quero destacar neste texto.

Os Evangelhos de São Marcos e São Lucas apresentam-nos José como“homem justo”, mas dele não ouvimos uma palavra. José da Galiléia, o carpinteiro, no silêncio buscava meditar e assumir os desígnios de Deus Pai na sua vida.Possamos também nós aprender de São José a valorizarmos o silêncio em nossas vidas.

Vivemos num tempo atribulado, cheio de agitação tanto exterior quanto interior. Não somos mais capazes de silenciar. A impressão é a de que o barulho, o ruído ocupou todos os espaços que antes eram reservados ao silêncio: a melancolia do entardecer, o anoitecer e o amanhecer, a quietude das paisagens, a música da chuva mansa. Não percebemos mais estas realidades na sua essência e como não percebemos também não valorizamos. Perdemos a poesia da existência!

Fica a constatação de que acordamos e nos recolhemos imersos em nossas preocupações e, se fosse possível, gostaríamos de estar as 24 horas do dia “on line”. O telefone celular  tornou-se praticamente uma extensão do nosso corpo e requer que estejamos continuamente ligados às redes sociais.

Etimologicamente a palavra silêncio tem sua origem no latim Silentium que significa tranqüilidade, descanso, estar em repouso, quietude, calma, estar calado, em segredo, sigilo.

Temos dificuldade em silenciar. O silêncio incomoda; um minuto de silêncio nos parece uma eternidade. Assim sendo, a vida torna-se um frenesi em que as pessoas não se encontram, não encontram o outro (dimensão da alteridade) e não encontram a Deus.

Silenciar-se, portanto, é terapêutico uma vez que restaura em nós a integridade do nosso ser e dá sentido ao existir.

Albert  Einstein afirmou: “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela”. No âmbito da Fé, podemos afirmar que é no silêncio da alma que se encontra presença de Deus e a capacidade de discernir seus desígnios e mistérios.

Foi assim com São José; diante do Mistério da Encarnação, no silêncio, José compreendeu o significado e a importância da maternidade virginal de Maria enquanto realização da promessa do advento do Messias - Salvador. No silêncio o Anjo confiou-lhe a paternidade do Menino Jesus, no silêncio José tornou guarda e protetor da Sagrada Família de Nazaré.

 Aprendamos com São José a exercitarmos a contemplação e ação. São José fez-se obediente à voz de Deus e assumiu com prontidão a missão que lhe foi confiada. Façamos a experiência do profeta Elias no monte Horeb – cf. 1Rs 19,11-13. Elias ao saber que o Senhor por ali passaria primeiro O buscou no furacão, depois no terremoto e em seguida no fogo, mas foi numa brisa suave que Elias O encontrou.

Aprendamos a buscar o silêncio e o Senhor pacificará nosso coração e nossa mente; tantas vezes devastados pelas nossas dificuldades e preocupações.

A nossa vida, muitas vezes, é comparada ao mar bravio com suas ondas revoltas e vento muito forte. Tenhamos a certeza de que, tal e qual em Mateus
14, 22-33, o Senhor virá ao nosso encontro dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo”.

São José nos ajude a nos alicerçarmos numa fé firme e inabalável.


 

Padre Aymoré Saturnino da Rocha Junior