COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

A PERDA DE UM ENTE QUERIDO

É sabido por todos nós que estamos nesse mundo, nesse tempo apenas de passagem. Um dia, mais cedo ou mais tarde, de uma ou outra forma, todos nós completaremos nossa Páscoa definitiva. Mesmo cientes dessa verdade inquestionável e que atinge a todos de modo inexorável; como é difícil administrar a perda de alguém querido!
Diante da perda de alguém querido fica a sensação de impotência, de vazio, de saudade, de dor. O coração fica apertado quando não em frangalhos. É alguém cuja presença física não mais teremos. As lágrimas marejam nossos olhos. É o caos!
O que fazer? Como agir?
É importante que tenhamos onde e no que se apegar para não sucumbirmos.
A presença dos amigos e toda manifestação de carinho e solidariedade é bem vinda. Deixemos que cuidem de nós! Muitas vezes somos orgulhosos e não queremos admitir nossas fragilidades e limitações. Assuma a sua dor. Chore; a lágrima tem o poder de lavar nossa alma, serenar e apaziguar nosso espírito, nosso coração.
Jesus Cristo com toda a sua sabedoria divina é quem nos diz:
“Não se perturbe o vosso coração! Crede em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,1-2)
É essa a proposta: que o nosso coração não fique perturbado apesar de toda dor, tristeza e pesar. Que possamos acreditar, que tenhamos fé.
Sendo Jesus Cristo a razão de nossa fé e de nossa esperança acreditemos que o seu Mistério Pascal – sua morte/ressurreição – garante-nos que após essa vida existe vida: a vida eterna, a vida mesma de Deus; é para ela que fomos criados.
“Vinde, benditos de meu Pai, recebei como herança o Reino que vos foi preparado desde a criação do mundo”. (Mt 25,34)
A Ressurreição de Jesus dá um novo sentido para a nossa vida, um novo sentido para a nossa morte. A morte já não é mais fim, mas inserção definitiva na eternidade no amor de Deus para todo o sempre.
A Ressurreição de Jesus traz consolo, pois nos permite acreditar que a saudosa pessoa amada não acabou, que a separação é temporária, não definitiva.
Mas é preciso preparar-se psicológica e espiritualmente para as datas significativas do ano, tais como: aniversários, Natal, Páscoa, etc. São nessas ocasiões que a falta da pessoa se faz mais presente. Só sentimos saudade daquele/daquilo que foi muito bom e que, por isso mesmo, vale a pena ser lembrado.
É através da experiência de fé que conseguiremos superar o sofrimento, o medo, a revolta, a raiva, a culpa, a depressão, o isolamento, o luto que é a fase do maior sofrimento.
O apóstolo São Paulo nos ensina em Rom 8,28 que “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. São Paulo quer nos ensinar que das experiências mais dolorosas e negativas podemos tirar lições positivas que sirvam para a nossa edificação.
Viver a experiência da morte dos nossos entes queridos pode ser ocasião propícia para repensarmos a nossa vida e revermos os nossos valores, buscando discernir sobre o que é realmente importante e o que é supérfluo. 
Fiquemos atentos, pois é cada pessoa que vai decidir se vai superar e crescer ou não com a experiência dolorosa da(s) perda(s); é cada pessoa que vai decidir quanto tempo durará o seu luto.
Coloquemos nossa confiança no Senhor, pois “Ele cura os corações despedaçados, enfaixando e curando nossas feridas”. (Sl 147,3)
Pe. Aymoré Saturnino Rocha Jr.